quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Dor de Cabeça- Enxaqueca?



 


A dor de cabeça se tornou queixa comum na infância, atendo diariamente várias crianças.
No serviço público responde por 70% das minhas consultas. 
Precisamos ter em mente que embora existam diversas causas a enxaqueca responde por 80% dos casos.
No passado a enxaqueca iniciava seus sintomas na pré-adolescência, agora os sintomas aparecem na infância. Isso porque somente na adolescência as crianças do passado entravam em contato com um número maior de alimentos industrializados. 
 A alimentação das crianças em casa piorou muito, a adição de bebidas lácteas industrializadas, biscoitos e iogurtes na casa transformou a alimentação infantil.
Essa transformação não foi para melhor, a ingestão de açúcar e gordura aumentou de forma perigosa. Por consequência as doenças relacionadas com os erros alimentares  aparecem em idade cada vez menores.
Enxaqueca e gastrite são bons exemplos.

A dor de cabeça precisa ser avaliada levando em conta sua  frequência, se associada a febre, se existem fatores que pioram a dor.
Quais os fatores de alivio da dor? Vômitos, escuridão?

Se associada ao quadro febril, terá sua origem no processo inflamatório ou infeccioso.

Problemas visuais tão relacionados a dor de cabeça só respondem por 10% dos casos, mas devem ser investigados.
Existem alterações de EEG que possuem sua sintomatologia apenas com a queixa de cefaleia (dor de cabeça ) simulando casos de enxaqueca.
 Na minha avaliação peço EEG para todos os pacientes.

Disfunção de ATM ( articulação tempôro mandibular ) pode ser causa de dor de cabeça já na infância, e deve ser lembrada durante a investigação.

Mas a enxaqueca será a grande causa encontrada, na enxaqueca o diagnóstico será clinico. Todos os exames solicitados serão normais.

É comum a história familiar positiva para enxaqueca, é uma característica herdada.
A enxaqueca se relaciona a fatores que provocam o início da dor, entre eles os mais comuns serão cheiros fortes, claridade e alimentos ricos em gordura.
O diagnóstico será fechado quando se excluir algumas patologias e se observar uma relação direta entre esses fatores e o início da dor.
Na infância o grande vilão é a alimentação, criança gosta de gordura. 
Gosta de batata frita, pizza, sanduíche, sorvete, biscoitos e salgadinhos.
Como no momento existe um exagero no consumo destes alimentos, aquelas crianças que possuem a predisposição genética para enxaqueca sofrerão com as dores.

Primeiro passo no tratamento é identificar se a dor se relaciona com esses fatores, na maioria dos casos a restrição de alguns alimentos da dieta já resolve o problema.
A dieta orientada reduz os alimentos ricos em gordura.
Pedimos para colocar as guloseimas no lugar delas. No final de semana ou nos momentos festivos.
Durante o dia a dia manter uma dieta saudável, sem refrigerantes, salgadinhos, pizza e demais alimentos industrializados.
Aqui o chocolate pode ser um grande vilão, o cacau possui alto teor de gordura.

Veja só, o tratamento é a correção da alimentação.

A alimentação errada de nossas crianças está custando a saúde delas, provocando obesidade, gastrite, enxaqueca, aumento de risco cardiovascular e etc...

Se realizada a orientação com mudança alimentar e ainda assim  houver uma frequência elevada de dores, pode ser necessário o tratamento profilático da enxaqueca.

O neuropediatra vai avaliar a frequência das dores, seu padrão e escolher o tratamento mais adequado, lembrando que esse tratamento não trará a cura.

Enxaqueca não tem cura, tem controle!

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra

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