A dor de cabeça se tornou queixa comum na infância, atendo
diariamente várias crianças.
No serviço público responde por 70% das minhas consultas.
Precisamos ter em mente que embora existam diversas causas a enxaqueca responde
por 80% dos casos.
No passado a enxaqueca iniciava seus sintomas na pré-adolescência,
agora os sintomas aparecem na infância. Isso porque somente na adolescência as crianças do passado
entravam em contato com um número maior de alimentos industrializados.
A alimentação das crianças em casa piorou muito, a adição de bebidas lácteas
industrializadas, biscoitos e iogurtes na casa transformou a alimentação
infantil.
Essa transformação não foi para melhor, a ingestão de açúcar
e gordura aumentou de forma perigosa. Por consequência as doenças relacionadas
com os erros alimentares aparecem em
idade cada vez menores.
Enxaqueca e gastrite são bons exemplos.
A dor de cabeça precisa ser avaliada levando em conta sua frequência, se associada a febre, se existem fatores que pioram a dor.
Quais os fatores de alivio da dor? Vômitos, escuridão?
Se associada ao quadro febril, terá sua origem no processo inflamatório
ou infeccioso.
Problemas visuais tão relacionados a dor de cabeça só
respondem por 10% dos casos, mas devem ser investigados.
Existem alterações de EEG que possuem sua sintomatologia
apenas com a queixa de cefaleia (dor de cabeça ) simulando casos de enxaqueca.
Na minha
avaliação peço EEG para todos os pacientes.
Disfunção de ATM ( articulação tempôro mandibular ) pode ser causa de dor de cabeça já na infância, e deve ser lembrada durante a
investigação.
Mas a enxaqueca será a grande causa encontrada, na enxaqueca o diagnóstico será clinico. Todos os exames solicitados
serão normais.
É comum a história familiar positiva para enxaqueca, é uma característica
herdada.
A enxaqueca se relaciona a fatores que provocam o início da
dor, entre eles os mais comuns serão cheiros fortes, claridade e alimentos
ricos em gordura.
O diagnóstico será fechado quando se excluir algumas patologias e se observar uma relação direta entre esses fatores e o início da
dor.
Na infância o grande vilão é a alimentação, criança gosta de
gordura.
Gosta de batata frita, pizza, sanduíche, sorvete, biscoitos e
salgadinhos.
Como no momento existe um exagero no consumo destes
alimentos, aquelas crianças que possuem a predisposição genética para enxaqueca
sofrerão com as dores.
Primeiro passo no tratamento é identificar se a dor se
relaciona com esses fatores, na maioria dos casos a restrição de alguns
alimentos da dieta já resolve o problema.
A dieta orientada reduz os alimentos ricos em gordura.
Pedimos
para colocar as guloseimas no lugar delas. No final de semana ou nos momentos
festivos.
Durante o dia a dia manter uma dieta saudável, sem refrigerantes,
salgadinhos, pizza e demais alimentos industrializados.
Aqui o chocolate pode ser um grande vilão, o cacau possui alto teor de gordura.
Veja só, o tratamento é a correção da alimentação.
Se realizada a orientação com mudança alimentar e ainda assim houver
uma frequência elevada de dores, pode ser necessário o tratamento profilático da
enxaqueca.
O neuropediatra vai avaliar a frequência das dores, seu
padrão e escolher o tratamento mais adequado, lembrando que esse tratamento não trará a cura.
Enxaqueca não tem cura, tem controle!
Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra
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