segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Acidentes Domésticos!



 



Nós devemos analisar os locais aonde permitimos a presença de nossos filhos.
Os acidentes domésticos são os maiores causadores de queimaduras, choques elétricos e fraturas diversas.
Existem perigos espalhados pela casa e, portanto a criança não deveria ter livre acesso.
Cozinha é o local que normalmente encontramos o maior risco, por isso aconselho o uso de portões de segurança.
São tantos os riscos que não temos condição de eliminá-los.
Não deve ser permitida a entrada de crianças.
Depois do acidente não adianta lamentar e sim conviver com as sequelas para o resto da vida.
Infelizmente atendo crianças vitimas de acidentes banais, porém com consequências para a vida toda.
Pareço pessimista, mas a dor de uma mãe que tinha seu filho normal e que agora vai conviver com restrições é imensa.

Vou dar dicas para vocês reduzirem o risco dentro do ambiente domiciliar.

Tomadas! No quarto da criança aconselho chamar um eletricista e subir as tomadas. O quarto da criança deve ser seguro, lá ele deve passar bom tempo do dia.
A TV com DVD poderá ficar ligada se a tomada for elevada!

Os celulares necessitam ser carregados frequentemente, escolha a tomada para esse fim.  Dê preferência as da cozinha, aonde a criança não entrará.
Os protetores de tomada devem ser usados sim, mas é comum  esquecer de recolocá-los após o uso das tomadas. E ainda existem crianças que brincam de arrancar. 

Se houver armários ou gavetas no quarto da criança essas deverão ter chaves e se manterem fechadas. A criança vai tentar abrir portas e puxar gavetas, descobrir como funciona. O peso desses objetos normalmente é elevado, podendo esmagar mãos tão pequenas.

Brinquedos bons são brinquedos seguros!
Nada de pirataria perto do seu filho, ele é seu bem mais precioso.
Não pode haver peças pequenas para serem engolidas e nem pesadas para poder provocar traumas.

Cuidado com baldes, a criança é curiosa. Ela vá tentar olhar e facilmente cai dentro do balde. Só precisamos de 2-3 dedos de líquidos para um afogamento.
Material de limpeza não pode ser esquecido no chão, sempre guardar em local elevado logo após o uso.

Em nossa região o uso da rede é cultural, desaconselhável por vários motivos.
Em bebês deforma a caixa craniana por vício de postura, além de ser grande causadora de diversos acidentes.
Se o bebê é pequeno pode não ser percebido, pessoas que vão passar elevam a rede e a criança é lançada ao ar.
Quando ficam  pouco maiores por já possuírem alguma autonomia podem se debruçar na borda e virar.
Não gosto da rede em crianças, mas se vocês gostam usem com segurança. 
Coloquem colchão embaixo da rede e essa bem baixa, um palmo do chão.

Usem os cintos de seguranças de bebês confortos e cadeirinhas, o nome já diz cinto de segurança! 

Alimentos! Quando ainda não existe uma função perfeita de mastigação e deglutição pode haver sufocamento com alguns alimentos, como uvas, azeitonas, milho e ervilha.
Não é seguro dar esse tipo de alimento a crianças pequenas, se houver engasgos podem ir parar na traqueia e no pulmão. Causam asfixia, obstruem a passagem do ar!


Não podemos evitar tudo, pois sempre haverá o improvável. 
Mas a grande maioria dos acidentes é evitável, basta olhar o ambiente com os olhos de quem protege seu maior bem!

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Aprender por imitação!






Aprender por imitação, esse é o mecanismo usado pelas crianças.
Elas imitam os pais e as outras crianças.
É uma forma simples de aprender, de experimentar o novo.
Muito comum a criança querer usar os sapatos da mãe, passar o batom, fazer a barba e etc...
O que não é muito compreendido é a força que esse mecanismo possui.
Os pais vão passar um modelo de ser, e podem não estar preparados para tanto.
Seus filhos são espelho de você!
Eles copiaram de você a grande maioria dos comportamentos, reações.
Tenham cuidado com o que ensinam.
Os pais devem ser a fonte de ensinamentos, o porto seguro, o colo nos momentos de fragilidade, a mão carinhosa. Mas também devem ser o leme desse barco a vela, devem guiar, não deixar o barco ir embora ao sabor do vento.
Às vezes precisamos segurar forte esse leme para mantê-lo na direção correta, as crianças precisam desse rumo. Elas não sabem por onde ir, se você deixar solto vão se perder.
A escola realiza um estimulo formidável, devido suas características.
A criança frequenta a mesma sala e encontra todos os dias as mesmas crianças, e essas crianças possuem a mesma idade.
Em nenhum outo local vamos ter facilmente essa situação.
O processo de imitação será realizado entre elas, todas serão beneficiadas.
 Uma estimula a outra!
Se uma criança está com atraso motor, de linguagem ou de socialização, a escola é remédio.
Melhor estímulo para uma criança é outra criança, o adulto brinca com a criança com cabeça de adulto. Já possui o conhecimento da brincadeira, não está descobrindo.
A criança aprende a brincar, brincando. Descobrindo o brinquedo, e as possibilidades.
Esse processo de descoberta é o mais importante, do que o próprio brinquedo.
Os DVDs infantis podem ser usados em alguns momentos, não sou contra!
O problema está em achar que o DVD é o melhor estimulo para a criança, isso não!
O melhor estimulo é a descoberta, descobrir sabores, sons, consistências.
 Descobrir o mundo!

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra



segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Perda de fôlego!



 


A perda de fôlego é muito comum em crianças pequenas, levando os pais ao desespero.
Sempre precedida pelo choro, podendo ser choro banal.
A criança para de chorar, o som do choro some!
Por consequência vai se tornando pálida, ficando molinha podendo ficar roxa,desmaiar e até mesmo convulsionar.
Novamente a imaturidade do cérebro é a causa, a criança precisa coordenar a respiração mesmo durante o choro. É necessário pausas respiratórias para permanecer chorando.
O correto neste momento é realizar manobra especifica para o rebaixamento do diafragma.
A população costuma soprar o nariz, colocar a criança de cabeça para baixo e até mesmo dar umas palmadas.
Pode resolver, porque qualquer coisa que assuste a criança pode fazer ele pegar novo fôlego.
Na maioria dos casos solicito o EEG para descartar a possibilidade de crises convulsivas.
Na perda de fôlego o EEG é normal.
Existe a possibilidade de um fator emocional prolongar os eventos, pois crianças maiores não possuem justificativa para a perda de fôlego.
A necessidade de medicação é quase nula, mas já tive casos onde os episódios eram tão constantes que realizei Video -EEG.
O indicado é a manobra de rebaixamento do diafragma no momento da perda de fôlego.
Na manobra se realiza pressão positiva ( aperta-se) como num abraço a criança, porém na altura da divisão do tórax para o abdômen.

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra

sábado, 21 de novembro de 2015

O engatinhar!


 

Para mim a fase motora mais importante é o engatinhar.
As mães não valorizam muito essa fase, até consideram que a não realização é sinônimo de precocidade.
Muitas falam que a criança não engatinhou, se levantou e andou. Falam com orgulho como se fosse sinal de sucesso
 Pular uma fase do desenvolvimento nunca pode ser sinônimo de sucesso.
Todas as fases são importantes.
E o engatinhar no desenvolvimento motor é o mais importante de todas.
Se a criança engatinha corretamente é certo a aquisição de uma marcha estável e ágil.
No engatinhar vamos adquirir a sensação de espaço corporal e a coordenação motora.
É necessário a troca sincronizada dos membros superiores com os inferiores, para o engatinhar tipico.
A criança pode começar o engatinhar de forma atípica, de bunda, para trás ou esquecendo uma perna.
Isso deve ser corrigido, pois distorções do espaço corporal podem ser levadas para o andar.
Existem técnicas onde colocam-se meias com guizos nos pés, pois ao movimentar o som dos guizos serve de estímulo, vira uma brincadeira.
Criança que não exerce essa fase, costuma andar com quedas frequentes, pois ao acelerar o passo não possui a coordenação suficiente para tanto.
No engatinhar o peso corporal está distribuído em 4 pontos, e será transportado para 2 pontos de forma progressiva.
Esse mecanismo evita as deformidades ósseas das pernas, comum com o uso de "anda já."
Se o osso não estiver cálcio suficiente para suportar o peso do corpo, o resultado é vergar.
Com uma ano, idade média para a aquisição da marcha, a criança ainda não possui o reflexo de se  proteger com as mãos durante uma queda.
 O resultado são "galos" na testa, inevitáveis desta fase.
O engatinhar adequado torna a queda ao solo menos frequente, durante o inicio da marcha.
Portanto, a família deve estimular o engatinhar.
Dar espaço para a criança buscar os brinquedos, se erguer com apoio.
Objetos tão usados no passado como "anda já" e "cercadinho", não são mais indicados.
O "anda já" porque ensina a criança a andar sentado, força a suportar o peso corporal de forma precoce, além do risco elevado de acidentes. As rodinhas podem provocar acidentes de consequências graves, por capotamento.
O "cercadinho" por ser muito pequeno, só permite que a criança fique sentada ou em pé, não permite o engatinhar.
Acreditem quem engatinha com qualidade, vai andar com segurança.

                                                                                      Dra. Cristine Aguiar
                                                                                              Neuropediatra

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

O desenvolvimento do paladar!



 


A criança em relação à sabores é um livro em branco, você vai formar sua memória.
A família ao oferecer alimentos variados e saudáveis formará um adulto com bons hábitos.
Nós todos sabemos o que não é saudável, o que comemos por sabor, porém sem valor nutricional.

A criança vai escolher seu alimento pelo paladar, esse paladar será formado pela memória dos alimentos oferecidos.
Caso você inicie uma alimentação saudável, seu filho vai adquirir o paladar para estes alimentos.

Porém se você forneceu a uma criança a opção de tomar refrigerante, é natural que ele desenvolva esse paladar.
Que ele goste de refrigerante!

Esse fato é bem reconhecido quando examinamos as regiões e seus alimentos típicos.
Cada região do Brasil tem seus hábitos alimentares, peculiaridades. Naturalmente esse alimento típico será oferecido e seu paladar desenvolvido.
Normal a criança do Norte tomar açaí na mamadeira.

Não estou falando como nutricionista, e sim como neurologista.
As papilas gustativas possuem características e seu desenvolvimento a partir do nascimento segue uma evolução.
Ao estimular uma categoria de papilas, essas aumentam o seu número e por consequência sua aceitação ao alimento inicial.
Por isso falo que a memória de sabores é um livro em branco, os alimentos oferecidos ao bebê vão estimular papilas específicas para aqueles sabores.
Essas vão se proliferar em número, transformando esse paladar.
Ao sermos apresentados a um novo sabor, inicialmente rejeitamos.
Se esse sabor for repetido as papilas gustativas para ele serão estimuladas, com algum tempo consideramos esse sabor com agradável.
Até aqui falamos sobre o desenvolvimento do paladar, de papilas gustativas para a aceitação de alimentos.

Agora vamos analisar o peso emocional da alimentação, a relação alimento-afeto.
O alimento, tem um peso emocional para as mães, existe satisfação em oferecer algo que dá prazer a criança.
Isso atrapalha a orientação da alimentação saudável, a mãe tem a necessidade que a criança aceite o alimento por ela oferecido.
Se a criança rejeita, ela troca o alimento. Fecha as portas para o alimento inicial!
Com isso permite que a criança exerça a função de escolhas dos alimentos que vai consumir.
Aqui está a base para os erros alimentares na infância.
A criança precisa aceitar prontamente todos os alimentos oferecidos?
O que ela nunca provou?
Crianças pequenas não deveriam ter escolhas. Estão numa fase onde serão ensinadas a comer. Ensinar é um processo.
É necessário tempo, persistência e paciência par ensinar qualquer coisa.
Se a criança pode escolher, trocar o alimento este processo é interrompido.
Aos 3 anos essa é a maior queixa das mães. "Meu filho não come nada!"
Ele não come nada que ela quer, e come tudo que ele quer.
Com a preocupação da criança não ficar com fome, a mãe dá o alimento que a criança aceita bem no lugar da refeição que não foi aceita.
Olha só a confusão!
A mãe quer seu filho bem alimentado, porém não suporta a ideia de rejeição. Não aceita o dia com apetite reduzido, isso gera uma ansiedade enorme.
Resolve a situação oferecendo um alimento já bem aceito. Resolveu o problema imediato.
A criança está alimentada!

Educação alimentar é tão difícil quanto a educação propriamente dita.
Temos que impor limites, exercer nosso papel de responsáveis.
Aceitar os períodos de menor aceitação alimentar como normais, e não pessoais.
Estabelecer o cardápio da criança, os horários e não permitir trocas. Caso não aceite o alimento do horário, aceitará o do próximo horário.
Se já possui um erro alimentar, deveria ser corrigido para o bem dele.

A correção é complicada, muito choro, muita birra!
Portanto é  melhor  começar a escrever esse livro em branco!

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A Mastigação e a Linguagem!






Uma etapa muito importante do desenvolvimento infantil é a aquisição de uma mastigação adequada.
Existe um certo exagero nos cuidados da criança, digo isso porque atendo crianças de 5anos que nunca chuparam uma laranja.
É mais higiênico fazer um suco de laranja e colocar numa mamadeira, suja menos!
Mas a criança precisa adquirir força na musculatura!
Se sujar é consequência da descoberta do sabor da fruta, água limpa.
Bebê não mastiga, mas também não fala!
A mastigação utiliza a mesma musculatura que a criança vai precisar para realizar todos os sons.
Por isso a criança precisa chupar fruta, tirar o sumo da carne, provar sabores diversos.
Essa força fará o bebê parar de babar, e as crianças com sequelas neurológicas também.
Na paralisia cerebral e outras patologias a força dessa musculatura está reduzida associada a incoordenação dos movimentos adequados para a deglutição.
Um erro usual das mães e aumentar o furo da mamadeira, porque acham que não sai direito.
O furo deve ser adequado para exigir esforço da criança, quando se compra já existe a denominação do liquido recomendado.
Se não sai pelo furo é porque está muito grosso, inadequado para a mamadeira. Passe para o prato e colher.
A amamentação exige força da criança, é a forma correta de colocação da língua e mandíbula.
Chupar carne que sai sumo, além de gostoso vai fazer a criança aprender a colocar força para realizar a prensa entre as gengivas.
Não subestime as gengivas deles são fortes e conseguem esmagar alguns alimentos.
O uso da chupeta é desnecessário, criança não precisa usar chupeta.
Mas caso use, comprem as com bico ortodôntico e de tamanho adequado para a idade do bebê.
Não faz bem o uso da chupeta, então não estimule!
 Não ofereça sem a criança solicitar, e com 2 anos já deveria estar deixando de usar.
Após os 2 anos a chupeta deforma arcada dentária, que será terá que ser corrigida mas tarde com aparelhos.
Ao iniciar a primeira sopinha não há necessidade de passar em liquidificador. Amasse bem com um garfo ou passe numa peneira de furos grandes, será o suficiente.
Esses pequenos grumos serão bons para a criança exercitar a deglutição.
Essa sopa lisinha a criança dificultar a transição para a alimentação sólida.
Com 1ano a criança deve conseguir comer alimentos como arroz, feijão, carne/frango. Só precisaria de um caldinho de feijão para molhar associada a uma leve amassada com o garfo..
Ensinar os sons do bichos, é uma brincadeira muito saudável.
Com um ano a criança já deve repetir sons, sem significado ainda.
A aquisição do vocabulário será lento e progressivo.

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra

sábado, 14 de novembro de 2015

Causas de Microcefalia!





Quando o bebê nasce normamente possui 34cm de cabeça, se não for prematuro.
Durante o primeiro ano de vida a cabeça cresce muito rápido, no segundo ano o crecimento é menor e assim por diante.
A cabeça é composta por vários ossos, esses ossos estão justapostos mas nesta época existe uma folga entre eles.
Existe uma área de reentraças entre os ossos, que se chama sutura. Muito semelhante as peças de quebra-cabeça.
 Acho que esse brinquedo teve seu nome inspirado por esta anatomia.
Isso existe para permitir o crescimento da cabeça de forma proporcional.
A "moleira" é o encontro de 3 ossos, ela deve fechar por volta de um ano de vida. Se a "moleira" fecha bem antes da época, precisamos acompanhar o crescimento do crânio de forma bem de perto. Se a cabeça continuar crescendo de forma adequada e proporcionada, nada será feito.
O neuropediatra acompanhará com exame de imagem, o foco é avaliar se o cérebro está aprisionado pela caixa craniana. Se existe um cérebro querendo crescer e está presso pelo crânio.
Se isso for verdade, precisamos dar espaço para o cérebro crescer. Isso é feito de forma cirurgica, abrindo as suturas.

Quando ocorre o fechamento de um sutura entre dois ossos, o cérebro vai continuar crescendo. Mas para o lado  onde as suturas estão abertas.
Portanto a cabeça continuará crescendo sem qualquer prejuízo ao cérebro, mas esse crescimento será despropocionado.
 A cabeça ficará deformada esteticamente, existe deformidades muito feias!!
Por isso deveriamos corrigi-la mesmo que seja por motivo estético.  O grau de deformidade pode ser muito grave.
O neurocirurgião descola aqueles ossos, e com isso a cabeça volta a crescer de forma porporcionada.
A cirurgia só está indicada abaixo de 1ano, preferencialmente até os 10 meses. Depois disso não adianta, pois não vai corrigir as deformidades.

A microcefalia já é outra alteração, neste caso a cabeça é bem pequena, abaixo do esperado para idade.
 Existem diversas causas, mas para entender melhor gostaria de explicar de forma um pouco diferente.
O cérebro está dentro da caixa craniana, desde a gestação o crescimento do cérebro exerce a força contínua que por consequência força o crescimento ósseo.
Os casos de microcefalia são relacionados com o crescimento inadequado do cérebro. Ou seja, o cérebro é pequeno, pouco desenvolvido e por consequência a cabeça fica pequena.

Por isso temos a microcefalia ao nascimento e a microcefalia tardia. Na primeira a criança nasce com a cabeça pequena. Demonstrando que o cérebro não teve o seu desenvolvimento adequado durante a gestação.
Vários são as causas maternas que podem atrapalhar o perfeito desenvolvimento do cérebro, como a rubéola, toxoplasmose, uso de drogas, hipertensão arterial e etc..

Na microcefalia tardia a criança nasce com a cabeça de tamanho adequado, mas a cabeça não cresce de forma adequada após o nascimento.
Neste caso a causa mais comum é a falta de oxigênio durante o parto, paralisia cerebral.

Vimos está semana o problema de aumento importante dos casos de microcefalia na cidade de Recife, e a possível relação com o surto de Zyca vírus nesta mesma cidade há 9 meses atrás.
Se confirmado pelos exames, vamos ter certeza que este virús possui capacidade de atrapalhar o desenvolvimento do cérebro.
 Isso mudará radicalmente o tratamento para casos suspeita de Zyca vírus em mulheres em idade fértil.

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Crise Generalizada X Crise Focal




O neuropediatra ao atender uma criança
 com crises convulsivas vai escolher o melhor tratamento, a melhor medicação.
Existem diversas medicações no mercado, precisamos escolher a melhor para este paciente.
Um remédio que controla muito bem as crises de um, pode ser péssimo para um outro paciente.
Não existe um remédio ótimo para todos, e nem um péssimo para todos.
E por que o médico escolheu este remédio?
O neurologista leva em conta diversas informações para decidir a sua prescrição.
Levamos em conta a idade, o tipo de crise e EEG inicialmente.
Idade porque alguns medicamentos não são bem absorvidos por crianças pequenas e portanto não será um boa opção.
O tipo de crise é fundamental, todos os remédios já foram estudados. Seu funcionamento e que tipo de crise ele tem sua melhor ação.

Os tipos de crise são divididos em generalizada e focal.

Generalizada quando todo o cerébro é envolvido no momento da crise, a convulsão mais conhecida é generalizada. Quando o paciente perde a consciência e apresenta movimentos pelo corpo inteiro.
Nesta crise o paciente pode perder a urina e apresentar respiração forçada, o que normalmente produz secreção que escorre da boca.

Focal ou parcial, apenas uma parte do cerébro será envolvida. Pode ser vista quando o paciente apresenta movimentos apenas num lado do corpo. Nestes casos o paciente não perde completamente a consciência, e pode lembrar da crise. Pode falar, porém a voz sai de forma arrastada e lenta.

A crise convulsiva de ausência, que foi motivo do último texto, é classificada como generalizada.

Muitas vezes o neurologista precisa da filmagem da crise para analisar e classificar a crise.
É muito comum a crise começar focal e depois se tornar generalizada. Mas para a escolha do remédio é importante saber como começa a crise.
Algumas crises são bem fáceis de se classificar, outras tão dificeis que revemos as filmagem diversas vezes. Uma verdadeira investigação.

O exame de  EEG evoluiu e há algum tempo já existe a opção de realizar um video- EEG, ou seja um EEG filmado. Ele vai documentar a imagem e as ondas cerebrais momento a momento.
Assim elucidamos muitas vezes dúvidas sobre se é ou não crise.

A grande maioria dos paciente possui apenas um tipo de crise, mas muitos paciente possuem vários tipos de crise.
Inicialmente vamos começar com um remédio para controlar as crises, mas não obtendo sucesso as associações vão sendo realizadas.
 Nossos maiores desafios serão os casos que consideramos epilepsia refratária.
Aqui o paciente vai apresentar vários tipos de crise e não responde adequadamente aos remédios. Usam vários remédios e em doses elevadas sem o controle total das crises.

Crise convulsiva não faz bem, é claro!
 Paciente com crises de repetição apresentam atrasos cognitivos.
Uma sequência de ajustes, trocas de medicações, além de tratamentos não medicamentosos serão usados para o controle das crises.
O objetivo maior é oferecer ao paciente a melhor qualidade de vida, pois o que todos queremos é ser feliz!

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra







quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Crises de Ausência



 


As crises convulsivas podem se apresentar de diversas formas.
A convulsão onde o paciente cai no chão e se bate todo, é facilmente reconhecida por todos.
O problema está em reconhecer os outros padrões de crises.
Quero abordar as crises em vários textos, pois é um tema muito amplo.
Neste texto quero falar sobre a crise convulsiva de ausência!
Nesta crise o paciente ficará por alguns segundos parado, com olhar distante.
Pode ser confundido com déficit de atenção ou distração.
Como a crise de ausência é rápida, dura em média 40 segundos pode passar desapercebida pela família.
Alguns trabalhos referem que só quando o paciente apresenta um número muito elevado de crises, a família percebe o fato com estranheza.
Enquanto o número de crises ao dia for pequeno, a família não costuma perceber. Não é um padrão reconhecido como crise convulsiva.
Na prática essa criança fica parada no tempo, sai fora do ar, não cai no chão. Se está em pé normalmente permanece em pé, se está sentada permanece sentada.
Pode deixar cair um objeto que está segurando, tipo um copo.
O olhar fica perdido, parece fixo no infinito.
A criança costuma despertar desse momento com uns piscamentos oculares, o que faz todos pensarem que ele estava "sonhando acordado".
Neste caso o EEG é fundamental, e deve ser realizado antes do inicio da medicação.
Nas crises de ausência a alteração captada no EEG fecha o diagnóstico.
É o tipo de crise que costuma responder muito bem a medicação, e o neurologista não tem dificuldade para escolher o remédio adequado.
As crises de ausência são classificadas como um tipo de epilepsia.
Epilepsia não é tudo igual !
Existem vários tipos, com evolução diferente para cada tipo.
Na suspeita de algo estranho, episódios que se repetem onde a criança fica alheia ao meio, está indicado uma avaliação.
Hoje com celulares que filmam, usem! Filmem o que você achar estranho, um tique, uma mania!
Muito melhor a imagem do que o relato da família. Facilita em muito o diagnóstico.

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra


segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Convulsão Febril






Crise convulsiva febril é um tema simples mas acho que de grande interesse à todos os pais.
O ser humano possui controle de sua temperatura, o cérebro exerce essa função. Nossa temperatura corporal fica em torno dos 36C.
A criança ao nascer não possui várias funções cerebrais adequadas, inclusive o controle da temperatura corporal.
Aqui no Ceará recém nascido usa luvas e sapatinhos, vive empacotado.
 Ao crescer vai sendo desnecessário esses acessórios.
Mas ao ficar com febre os pais percebem que a cabeça fica muito quente mas outras partes do corpo não.
Fato comum, pois o aumento da temperatura não é bem distribuído pelo corpo, deixando partes quentes, e outras até frias.
Exatamente por essa má distribuição do aumento da temperatura as crianças podem apresentar as crises ou convulsões febris.
Ocorre em crianças pequenas, menores de 5 anos.
Aos 5 anos o cérebro já possui essa função amadurecida.
Alguns pais acham que a convulsão acontece apenas com febre alta, isso é um engano pode ocorrer com febre baixa se houver uma variação rápida da temperatura.
Todas as crianças pequenas poderiam pela imaturidade do sistema nervoso apresentar crises na vigência de febre, porém o que vemos são vários casos em algumas  famílias. A predisposição genética de algumas famílias é bem marcante.
O neuropediatra deverá solicitar o EEG, que neste caso deverá ser normal. Para confirmar a convulsão febril.
Alterações no EEG já nos direciona para outro diagnóstico.
O EEG deve ser realizado após uns alguns dias da crise, não deve ser realizado muito próximo a crise.
Mesmo a crise sendo febril deverá ser tratada, comumente após 3 crise rápidas e em episódios diferentes orientamos medicação.
Ou seja, mesmo com EEG normal a criança muitas vezes necessita fazer uso da medicação.
Isso porque a repetição de crises mesmo que febris pode prejudicar a criança e devemos evitar danos cerebrais sempre que possível.
Colocamos o tratamento medicamentoso de duas formas: continuo ou intermitente.
Continuo: a criança faz uso de medicação de horário todos os dias, quando ficar doente por já fazer uso da medicação, já está protegida. Desvantagem importante neste caso é que a criança usa medicação durante períodos afebris onde não iria ter crises e por isso não necessitava da proteção.
Intermitente: a criança faz uso da medicação nos períodos de doenças, inicia a medicação nos primeiros sintomas. É necessário ter iniciado a medicação antes do aparecimento da febre. Possui a vantagem de só fazer uso da medicação nos períodos onde correria o risco de ter crise febril. Desvantagem é que se a febre for o primeiro sinal da doença, a criança não iniciou a medicação e portanto não está protegida de crises.
Seu neuropediatra vai escolher qual a melhor opção de tratamento analisando caso a caso.
Não podemos esquecer que todas as mães devem fazer uso de termômetro e não do tato para verificar se a criança está com febre.
Usar o antitérmico  em dose adequada ao peso da criança e lembrar que ao administrar a medicação antitérmica por via oral o tempo para o inicio do seu efeito é variável.
A medicação feita por via oral só iniciará seu efeito ao ser absorvida, se a criança estiver alimentada esse tempo de absorção aumenta.
Por este motivo orientamos o uso de meios físicos, água!
O álcool muito usado no passado não deve ser usado, por ser muito volátil. A criança inala muito o que pode provocar efeitos indesejados e prejudiciais a saúde.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Recusa ao remédio!




A criança não é responsável por seus atos!
Não tem a menor ideia para que serve um remédio, ou um tratamento.
Normalmente come o que gosta e recusa o que não gosta, simples assim.
Se gostar do gosto do remédio toma, se não gosta não quer tomar.
Precisamos ponderar alguns pontos aqui.
Primeiro, a criança não pode decidir um tratamento e não pode ser responsabilizada pela ausência de medicação.
Deve ser informada com jeito pelos pais sobre o tratamento, que o remédio é para ela melhorar.
Mas os pais não podem esperar o consentimento da criança para instituir um tratamento.
 Na neurologia lidamos com doenças graves, que deixam sequelas para uma vida toda se não tratadas adequadamente.
A recusa no uso de medicação não é incomum, gera um drama familiar!
Vivemos um momento onde as crianças estão se impondo cada vez mais, querem ditar as normas, impor seus horários. Um verdadeira inversão de valores.
Nesta situação os pais devem comunicar a recusa ao médico, e devem ser por ele alertados dos danos a saúde da criança pela ausência da medicação.
Deixem as crianças serem crianças, com problemas de crianças.
Assumam o papel de responsáveis. Os pais devem se preocupar com horários, em levar a medicação numa viagem.
Caso a criança colabore ótimo, maravilha!
Mas não podemos contar com isso para realizar um tratamento.
Infelizmente doença não tem nada de bom, gera sofrimento e na neurologia muitas limitações.
Todos queremos ser felizes! Queremos ver nossos filhos felizes!
Ver um filho sofrendo é quase uma morte para uma mãe.
Seu filho não tem o direito de decidir, ele depende de você !
Seja firme e se possível doce, mas nunca omissa.

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra


quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono- SAOS



 


Atualmente é imenso o número de pessoas alérgicas, e a rinite alérgica se tornou quase o padrão da normalidade.
A criança esfrega o nariz, espirra e ao ser questionada a mãe responde apenas " Ele tem rinite"
Colocam a rinite como sendo uma característica da pessoa, e não uma doença.
É uma alergia respiratória comum. Mas necessita de tratamento, como é alérgica não tem cura e sim controle.
Impossível nos dias de hoje evitar por completo a poluição, mofo, poeira. Mas não tratar é um outro absurdo.
Boca não é órgão respiratório, usamos para respirar quando não conseguimos usar o nariz. Mas ao usar um órgão inadequado vamos pagar um preço, e alto.
O nariz realiza a função de aquecer, umidificar e filtrar o ar, a boca não realiza essas funções.
Assim as infecções de garganta serão mais frequentes, os distúrbios do sono aparecerão e por consequências várias alterações na criança.
Porque estou falando sobre esse assunto?
Porque a criança vem ao neurologista por causa do sono agitado, ou bruxismo.
Ao examinar a criança percebo a respiração bucal e ao solicitar o exame do sono ( polissonografia ) faço o diagnóstico de SAOS.
A Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono é causada pelo uso da boca para realizar a respiração durante o sono.
Quando dormimos relaxamos a musculatura, quem estiver usando a boca para respirar terá momentos de obstrução da passagem do ar pela língua.
Nas crianças a causa mais comum é a rinite alérgica associada a hipertrofia de adenoides.
Feito esse diagnóstico o neurologista encaminha a criança ao otorrino ou alergologista, que vai avaliar a melhor forma de tratamento.
Nos dias atuais a grande maioria terá indicação de tratamento clinico, a cirurgia é bem menos indicada do que no passado.
Pode não ser cirúrgico, mas tem que ser tratada!
A idéia que ao não ser necessário cirurgia não é necessário tratamento é equivocada.
Se atrapalha o sono, se faz a criança usar a boca para respirar deve ser tratada! Mesmo não sendo cirúrgico.
Já existem trabalhos comprovando elevado índice de SAOS em crianças com baixo rendimento escolar em relação a população geral.
 Essa relação entre qualidade do sono e capacidade cerebral já está bem estabelecida.
O individuo tem que ser avaliado como um todo, e a criança deve dormir como anjo!

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Sono de Qualidade






O sono merece toda a nossa atenção.
Durante o sono nós descansamos o corpo e a mente.
Durante a maior parte do sono estamos descansando o corpo, mas nosso cérebro está funcionando.
Nossos sonhos, onde misturamos coisas aparentemente sem sentido, é um período de intensa atividade cerebral.
Atualmente temos especialistas do sono, neurologistas que se dedicam apenas ao estudo do sono.
As pessoas acham que é um processo simples: ficamos sonolentos, dormimos e acordamos.
Nada disso!
Existem várias fases do sono e vários distúrbios do sono.
 A polissonografia é o exame solicitado para se estudar o sono. O paciente vai dormir uma noite na clinica, ou seja no laboratório do sono.
Neste exame é visto a respiração, os movimentos e as ondas cerebrais durante todo o sono.
Será visto o ronco, o ranger de dentes (bruxismo), pequenas pausas na respiração, além de diversas outras alterações possíveis.
Precisamos dar ao nosso cérebro o descanso necessário, um sono adequado em quantidade e qualidade.
Caso exista alterações do sono o paciente vai apresentar sintomas na noite, mas também durante o dia.
Todo mundo sabe que após uma noite mal dormida ficamos sonolentos, irritados e sem paciência. É fácil perceber a dificuldade que temos em realizar nossas funções diárias.
Fácil para quem tem uma noite mal dormida, mas para quem dorme mal todos os dias não.
Quem dorme mal todas as noites não consegue perceber o padrão da normalidade, acha que o que possui de atenção e humor é o normal.
Na infância podemos ter crianças mais agitadas, desatentas durante o dia.
Muito comum apresentar baixo rendimento escolar, a sonolência diurna não é muito comum.
Na infância as causas respiratórias são as mais encontradas, tipo rinite alérgica e hipertrofia de adenoides.
No adulto encontramos diversas causas mas a obesidade é um fator importante.
No bebê muitas vezes precisamos ensiná-lo à dormir, pois não possui um padrão de sono-vigília bem estabelecido. Dorme de dia e deixa os pais acordados à noite.
A presença de ronco é um sinal de alerta para se procurar o especialista.
Não é normal roncar, e principalmente na infância.
Temos muitos problemas com as crianças para fazer elas dormirem, é necessário estipular horário para dormir.
A criança vai dormir tarde e tem que acordar cedo para escola, com isso possui quantidade insuficiente de horas de sono.
Durante a consulta os pais vão receber orientações sobre higiene do sono e será solicitado o exame, se o neuropediatra achar necessário.
Em todas as crianças com baixo rendimento escolar devemos avaliar o sono.

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra



terça-feira, 3 de novembro de 2015

Água, fonte da vida!



 


Água!
As crianças pequenas bebem muita água, pedem água.
A medida que vão crescendo vão esquecendo deste hábito tão importante.
Na nossa região onde o calor é constante, esse hábito deve ser incentivado.
A água é mais importante nos períodos de menor umidade do ar e com temperaturas elevadas.
Os adultos se esquecem de beber água.
Nas crianças que fazem uso de medicação que será excretada na urina, é importante termos um volume adequado de urina.
Os sucos de frutas, água de coco podem ser usados, apenas os refrigerantes não deveriam estar presentes.
Na verdade  se a criança não tomar refrigerante no inicio da infância dificilmente ele vai gostar do refrigerante numa idade maior. Tudo é hábito!
Durante o tratamento com medicações de uso continuo é importante checar a função renal e hepática.
O remédio controlado é considerado vilão, mas na maioria das vezes é o mocinho.
Quando a família realiza consultas regulares, numa frequência de 3/3 meses, esse aspecto será avaliado pelo seu médico.
As consultas são realizadas para ajustes de medicação, mas também para avaliar o tratamento e evitar efeitos colaterais.
Exames de rotina devem ser solicitados mesmo sem qualquer queixa pelo paciente.
A neuropediatria necessita de adesão ao tratamento, isso significa consultas regulares e uso regular da medicação prescrita.

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Desenvolvimento Infantil






Quando falamos que a criança está crescendo, essa afirmativa é verdadeira. Mas nos dá uma ideia de estatura!
Quero corrigir essa ideia.
A criança está crescendo sim! No tamanho, na sua capacidade de atenção, no seu raciocínio lógico, na linguagem ou seja em todas as suas capacidades intelectuais.
A criança que possui deficiência intelectual também está crescendo, no tamanho e em suas capacidades.
Apenas  não possui a  velocidade desejada para a idade e nem a capacidade ideal para ser explorada.
Possui uma capacidade sim, aprende sim!
E se não fosse assim não haveria motivo de realizar todas as terapias indicadas.
Essas terapias são formas de ajudar essa criança a desenvolver toda a sua capacidade.

Vou contar aqui uma história que me fez escolher a neuropediatra como especialidade médica.
Na Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Ceará, tive com professora de prática na pediatria uma verdadeira mestre!
Dra. Fatima Azevedo, geneticista.

Eu sempre fui muito falante e comunicativa, sempre participei muito nas aulas. Perguntando e questionando muito.

Fiquei impressionada como Dra. Fátima conseguia falar e mostrar os sinais das doenças sem ser ofensiva com a criança, sua sutileza e a escolhas das palavras fazia a criança se achar especial.
Especial de forma positiva, especial porque tinha algo raro! Era mágico!

Porém nas últimas semanas de estágio ela veio falar comigo. Me questionou porque eu havia mudado, porque não participava mas das aulas e nem perguntava nada.
Inicialmente fiquei surpresa, mas falsidade nunca fez parte do meu ser. Respondi prontamente:
"Descobri que você não trata nada, não cura nada! Descobre a síndrome e pronto!"
Após breve silêncio, ela me disse:
"Acho que você não entendeu!
Toda mãe, pobre ou rica quando engravida idealiza um filho perfeito.
Compra roupas e monta um quarto na medida das suas condições mas sempre com o melhor.
Agora seu filho chegou! Mas ele não é aquele bebê sonhado, é outro!
Desse bebê as pessoas só sabem dizer que ele é doente, que é retardado!
Essa mãe ama seu filho, mas não sabe se ele vai falar, se vai andar, se vai para a escola.
Eu sou a pessoa que vai responder tudo isso, e quem vai ajudar  a desenvolver a capacidade que seu filho tem.
Você acha isso pouco?"

Uma das maiores lições de vida que recebi, e divido aqui com vocês!
Conseguir segurar uma colher pode ser pouco para você mas é uma grande vitória para muitos!

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra