quarta-feira, 30 de março de 2016

Hipotermia na Infância! Por quê?






O ser humano é considerado "bicho de sangue" quente, porque existe o controle da temperatura interna.
Nossa temperatura corporal é 36 graus, muito quente!
Esse controle é realizado pelo cérebro, e está função cerebral não se encontra perfeita desde o nascimento.
Ao nascer é quase inexistente, e vai se desenvolvendo na infância até os 5 anos.
Por isso mesmo em regiões quentes, como o nordeste brasileiro, os bebês usam luvas ao nascer.
Colocamos luvas e agasalhamos os recém nascidos para protegê-los do "frio".
À medida que vão crescendo a mãe percebe que começam a suar de calor e vão diminuindo a proteção de roupas.
A hipotermia relativa é comum em crianças pequenas, aonde a temperatura cai com a queda da temperatura ambiente.
Existe a queda da temperatura, porém normalmente sem qualquer risco para a criança. Apenas nas regiões frias do país podemos ter problemas por causa de hipotermias graves.
Não é exagero! Temos que agasalhar as crianças pequenas, elas são mais vulneráveis à temperatura baixas.
Essa imaturidade do sistema nervoso para o controle da temperatura corporal é a responsável pelas crises febris na infância.
Tema de texto já publicado no Blog.

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra


segunda-feira, 28 de março de 2016

Babar! Quando é normal?






Quando a criança cresce esperamos que ela pare de babar!
É a evolução esperada, mas enquanto  bebê todos babam.
Vários fatores podem estar envolvidos no atraso na criança em conter a saliva dentro da boca.

Podemos ter a fraqueza muscular dessa região, bochechas. Possuímos um músculo, o masseter, que é o responsável principal pela mastigação.
Bebê não mastiga, e baba.
A criança deve mastigar, com isso aumenta a força do masseter e por consequência não baba.

Aqui novamente reforço a importância de incentivar a criança a chupar frutas, arrancar pedaços de carne e frutas mais duras como maçã.

Outro fator envolvido nesta questão é o respiratório. Se a criança for um respirador bucal, fica de boca aberta e com isso a saliva escorre.
Boca não foi feita para respirar, mas se houver problemas de adenoides ou rinite alérgica a criança pode usar a boca para respirar.
Isso deve ser corrigido o mais breve possível, pois causa grande prejuízo ao desenvolvimento infantil.

Use mastigadores para o exercício dessa musculatura com a criança ainda bebê.
Ofereça frutas inteiras, tipo caju ou manga para a criança pequena chupar e assim extrair o sumo.
Não facilite demais a alimentação com exagero no zelo, pois isso prejudica a evolução natural da alimentação.

Já existem trabalhos relacionando a mastigação com estímulos cerebrais.
Quando o idoso perde a função de mastigação, seu cognitivo parece cair mais rapidamente.
Em trabalhos experimentais conseguiram provar relação entre a função mastigatória e a espessura de camada de células no cérebro responsáveis pela funções cognitivas.
Mas um fator que nos mostra a importância da mastigação no ser humano.

Esse atraso em conter a saliva também pode  provocar o atraso na linguagem!
Se a criança não possui força para segurar a saliva é provável que essa força não seja suficiente para a produção da fala.

Vamos corrigir pequenos erros no bebê para propiciar uma criança saudável.




Dra. Cristine Aguiar
    Neuropediatra


sexta-feira, 18 de março de 2016

Epilepsia e Esporte






A epilepsia não determina que a criança seja excluída das atividades de uma vida normal.
A criança deve viver com o minimo de restrições.
Não retiramos a criança da educação física das escolas, com exceção da natação.
O exercício não produzirá crises, e não queremos alimentar a ideia de que essas crianças são doentes.
A natação é evitada, porque aumenta o risco! Caso a criança tenha crise que não seja percebida, poderá se afogar!
Mas na medida do possível tentamos manter a criança com sua vida dentro dos padrões de sua idade.
O preconceito em relação a epilepsia deve ser combatido, e as crianças que possuem crises convulsivas devem conviver da melhor forma com a doença.
O uso da doença para ganho de regalias cria um problema emocional!

Alguns mitos foram criados:

Não aborreça a criança!
Não pode brigar!
Não pode exigir comportamento!
Não pode exigir na escola!

Se a criança possui retardo mental associado a epilepsia esse tratamento diferenciado pode ser justificado, mas numa criança de inteligência normal essa conduta provocará um ganho secundário.

Ou seja, ela ganho tratamento diferenciado por ter a doença, portanto ela quer ter a doença!

Infelizmente isso existe, é comum no consultório!

Neste estado emocional podem aparecer pseudo crises, crises falsas!
As pseudo crises são de difícil diagnóstico, porque o paciente possui epilepsia, só com o passar do tempo começamos a suspeitar.
Já tive casos onde a doença foi curada, mas as crises falsas persistiram!

Precisamos falar que isso existe, mas cada caso deve ser observado e avaliado!
Este diagnóstico é bem difícil, e considero de exclusão.

Trate seu filho o mais próximo da normalidade, evitando apenas situações onde ele seja colocado em risco. Superproteção não vai ajudá-lo!
Podemos viver com epilepsia, sim!

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra


quarta-feira, 16 de março de 2016

Epilepsias Benignas da Infância- EBI





Dentre os tipos de Epilepsia existe um grupo chamado: Epilepsias Benignas da Infância (EBI).
Este grupo compreende tipos de epilepsia de ótimo prognóstico, que aparecem em crianças com desenvolvimento normal e na grande maioria dos casos a causa é uma herança familiar.
Essas crianças apresentam uma crise sem febre e de repente, sem nenhum motivo aparente.
A população costuma encontrar um culpado, por isso surgem os mitos!
No dia que a crise acontecer a criança comeu uma comida quente, tomou um vento com o corpo quente e assim por diante. Tudo será relacionado a causa da crise, pois é muito difícil compreender o inicio da doença quando não se tem um culpado.
Costumo explicar assim:
A criança está crescendo, se desenvolvendo e o seu cérebro também!
Suas ondas cerebrais estão se transformando para padrões a cada dia mais maduros, durante esse processo podemos ter alterações na onda que provoquem crises convulsivas.
Se temos alteração de onda causando crise, temos um tipo de epilepsia.
Trato muitos casos de Epilepsia Benignas da Infância, casos onde embora sejam de natureza benigna é necessário o tratamento medicamentoso.
Essas crianças tomam remédios (anticonvulsivantes) e costumam ter suas crises facilmente controladas, desde que  usem a medicação de forma regular e em dose adequada ao peso.
Nas crianças a dose costuma ser ajustada frequentemente, pois o peso é uma curva crescente.
Não dá para se ter controle com a mesma dose do medicamento por longos períodos.
Quando prescrevo o anticonvulsivante já estou preparada para a resistência familiar, acho normal.
O pouco conhecimento, o preconceito e a necessidade de uso de medicação com horários na infância não é muito natural para os pais.
Os pais não estão preparados de início a realizar tratamento de anos, costumam levar seus filhos ao pediatra e terem prescrições de medicação por curto período de tempo (dias).
Com o passar das consultas, a família perde o medo e percebe que seu filho continua o mesmo.
Não perdeu suas funções intelectuais e nem ganhou o aspecto de criança dopada.
A sonolência no início da medicação pode surgir, porém não deve ficar, se a criança se torna muito lenta e sonolenta a medicação deve ser reavaliada.
O remédio não deve fazer mal a criança, está sendo prescrito para proteger a criança dos efeitos danosos das crises.
Essas sim, podem levar à atrasos cognitivos em criança previamente normal.

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra


segunda-feira, 14 de março de 2016

Epilepsia- Síndrome de West






Síndrome de West é um tipo de Epilepsia.
Recebe o nome Síndrome por compreender um conjunto de sinais e sintomas, e West em homenagem a quem conseguiu definir esses sinais e sintomas.
É uma Síndrome clínica e não de herança genética.
Este nome não ajuda muito o entendimento da família ou  dos pais, mas ajuda os profissionais da saúde que vão lidar com o pacientes.
Em uma única palavras eu já sei do que se trata!
Síndrome de West só existe em crianças pequenas, em cérebro imaturo.
Quem hoje é síndrome de West também está crescendo e amadurecendo e daqui há alguns anos não terá Síndrome de West, teve Síndrome de West.
Estamos falando de um tipo grave de epilepsia, onde as crises são rápidas, porém acontecem em sequência de espasmos.
Essas crises produzem grande prejuízo a criança inicialmente visualizado pela parte motora.
A criança se torna molinha com pouco tempo do inicio das crises!
Quando realizamos o exame de EEG encontramos uma alteração das ondas cerebrais que formam um padrão designado pelos neurologistas como hipsarritmia.
Esse tipo de epilepsia é de difícil tratamento, quando se fala em West já nos preparamos para uma longa batalha, com diversos ajustes e trocas dos anticonvulsivantes.

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra

quarta-feira, 9 de março de 2016

Epilepsia sem preconceito! Vamos falar?






A epilepsia não é uma doença contagiosa!
Então porque as pessoas se afastam de alguém quando descobrem que está possui epilepsia?

Já ouvi relatos onde as pessoas acreditavam que a saliva podia transmitir a doença, mas isso foi desmentido há mais de 50 anos!

Não tem a menor condição de alguém ainda acreditar nesta informação!

E ai? Qual seria a resposta do isolamento que a sociedade dá aos portadores de epilepsia?

Saber eu não sei! O que vou fazer apenas é tentar encontrar causas possíveis.

A crise convulsiva é um evento devastador, durante a crise o individuo perde o controle de si realizando movimentos descontrolados e às vezes assustador.
Já ouvi de várias mães o relato que elas pensaram que a criança estava morrendo.
Acho que aqui está a causa, a morte!
A possibilidade de ver a morte!

As pessoas se afastam de alguém que possui epilepsia com medo de presenciar uma crise que pode levar a morte, de se tornar espectador da morte.

Grande engano, outro mito que precisamos desfazer.
É extremamente raro a morte durante uma crise, pode acontecer em casos de crises prolongadas onde alterações cardíacas e respiratórias podem surgir.

Os paciente portadores de doenças neurológicas, inclusive a epilepsia costumam morrer por complicações respiratórias e ou infecciosas. Muitas decorrentes das restrições motoras que deixam o paciente restrito ao leito. E não pela doença neurológica em si.
O que quero dizer é que a doença neurológica debilita o individuo e impõe restrições.

Pacientes portadores de epilepsia, e gostaria de ressaltar aqui que existem vários tipos de epilepsia e não uma única doença como a maioria pensa. Dependendo do tipo de epilepsia vamos ter formas clinicas completamente diferentes.

Por exemplo, podemos ter ou não deficiência cognitiva ( retardo mental ), ser acamado ou não, ter cura ou não.
Cura! Cura sim!

Considero cura quando o paciente não necessita de medicação e não apresenta mais crises convulsivas. Isso não é cura de uma doença?
Em muitos casos vamos chegar a este ponto, nem todo mundo fará uso de medicação para a vida inteira.
E mesmo os que necessitam usar a medicação podem ter ou não o controle completo de suas crises.

É uma doença séria porque o paciente se sente vulnerável, pensa que pode ter uma crise!
E sabe que se tiver uma crise sofrerá o preconceito que a doença carrega.

A sociedade como um todo deve entender que essas pessoas merecem estudar, trabalhar, praticar esportes, tudo!

Não existe fundamento para isolar esses pacientes, vamos falar sobre epilepsia sem preconceito!

                                                                                         Dra. Cristine Aguiar
                                                                                              Neuropediatra


sábado, 5 de março de 2016

Picada que complica!







Cuidado com a picada de insetos na face de crianças.

 É muito comum edema e a complicação de celulite, principalmente na região periorbitária.
A criança costuma coçar a região da picada, contaminando o ferimento.
O tratamento adequado necessitará de antibióticos endovenosos.
Cuidado com as picadas!
O uso de loções e repelentes podem evitar grandes transtornos.

#dicadaneuro
#cristineneuro
#neuropediatria 
#neuropediatriaparavoce

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra

quinta-feira, 3 de março de 2016

Primeiro risco de morte é nascer!






Paralisia obstétrica ou paralisia do plexo braquial é percebida pela família poucos dias após o nascimento.
A mãe percebe que a criança não mexe ou mexe muito pouco um braço!
Acontece por estiramento do plexo braquial no momento do parto, mais comum nos partos normais.
O plexo braquial é o responsável pelos movimentos do braço, possuímos 2 plexos um de cada lado ( esquerdo e direito ).
É importante que a família seja encaminhada ao neurologista rápido, pois os resultados serão melhores quando iniciamos o tratamento no 1 mês de vida.
Com fisioterapia, mobilização do braço e orientações conseguimos uma boa resposta.
Quero lembrar a todos que nosso primeiro grande risco de morte acontece justamente no momento do nascimento.
O médico precisa retirar a criança rapidamente, pois a falta de oxigênio produzirá Paralisia Cerebral ou morte do recém nascido.
Essa criança que durante toda a gestação recebeu oxigênio por meio do cordão umbilical precisará assumir seu papel respiratório de imediato.
Essa transição ocorre de forma abrupta, e a importância do pediatra neonatal na sala de parto é fundamental.
Caso essa criança não consiga assumir essa função respiratória de pronto, o pediatra usará meios ventilatórios auxiliares  prevenindo sequelas neurológicas graves.
O plexo braquial se encontra na região do pescoço, por isso ao movimentar a cabeça da criança para a retirada de seu corpo no momento do parto pode haver o estiramento do plexo.
Infelizmente no passado encontramos lesões mais graves de plexo, por laceração.
Com a melhora do pré natal e indicação de cesárea em casos considerados inadequados ao parto normal, houve um decréscimo importante dessa patologia.

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra


quarta-feira, 2 de março de 2016

Converse com seu filho!



 


Começaram as aulas e já temos notas!
E assim começam as queixas também.
Tenho recebido muitos paciente nas últimas semanas com queixas nas avaliações escolares, em especial nas redações.
A maior dificuldade está em escrever um pequeno texto!
Escrever é difícil, organizar suas ideias de forma clara e coerente não é fácil para todos.
Porém, é verdade que nossas crianças estão apresentando essa dificuldade com maior frequência.
Quando realizo minha entrevista com a criança percebo que a dificuldade não está somente na escrita, a criança não sabe verbalizar seus desejos e suas ações.
Eu puxo um papo com a criança sobre coisas do dia a dia.
Pergunto o que ela gosta, o que existe na escola, coisas banais.
Mas a criança não sabe verbalizar. Se enrola, não responde o que perguntei.
Enfim, se a criança não consegue falar, como conseguirá escrever um texto?
Falar é muito mais fácil!
Essa geração de internautas usa uma linguagem de computador, onde não existe narração.
Apenas clicks, que te levam a uma nova tela e assim por diante.

Enquanto realizo minha investigação caso a caso, sugiro aos pais algumas práticas para melhorar a organização do pensamento.

Por exemplo, peça para seu filho contar como foi o passeio ou a aula.
Se a resposta for apenas, "Boa", puxe conversa.
Peça para ele tentar lembrar o que aconteceu, o que comeu no passeio, quem estava com ele, que aulas teve naquele dia.
Você provavelmente receberá informações soltas, sem ordem.
Liste no papel se for necessário a medida que ele for falando e depois tente juntamente com a criança ordenar esses fatos. Numerando-os, fazendo uma sequência no tempo do que aconteceu antes e depois.
Agora peça para ele falar os mesmos fatos, porém na ordem de sequência que vocês conseguiram fazer.
Mostre para ele que agora você entendeu o que aconteceu, que é necessário essa ordem para se entender os fatos.
Com isso a criança vai organizando a ideia, porém falando.
Os pais precisam conversar com os filhos, entender o universo deles, e ajuda-los a perceber o por quê das coisas.
Acho que devido a vida corrida os pais costumam aceitar esses relatos de qualquer forma, ou a resposta em uma palavra.
O que você pode dar de mais precioso para alguém é o seu tempo, dê ao seu filho!
Após algum tempo a criança vai percebendo que toda história tem começo, meio e fim.
Que os fatos da vida também são assim.
Esse exercício banal de conversas com seus filhos ajudará bastante na verbalização dos fatos e por consequência na posterior formação de pequenos textos.

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra