segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

O filho especial!




 


A figura do pai como companheiro na educação dos filhos é muito rara quando se trata de crianças com necessidades especiais.
Realmente a rotina de diversas terapias associada a reclusão domiciliar imposta a estas famílias contribuem para a separação do casal.
No dia a dia encontramos diversas mães responsáveis por tudo.
Poucas mães contam com a ajuda dos pais.
A rotina é dura, e não permite muitas ocasiões para lazer e vida social.
Estas crianças não podem sair de casa devido a facilidade de contrair viroses e também pelas dificuldades impostas pelas sequela motora e cognitiva.
Estas mães vivem de clinicas em clinicas, na maioria das vezes não possuem a companhia de ninguém.
Muita espera, dificuldade de transporte e sentimento de solidão.
Cria-se um sentimento de isolamento por amor ao filho.
Toda essa realidade coloca estas mães com grande amargura no coração.
Amargura pela impotência, amargura pela solidão, amargura pelo abandono.
Abandono de todos, não só do companheiro que não suporta esta rotina mas de amigas e familiares.
È necessário manter um convívio social minimo para a saúde mental destas mães, prevenindo assim a depressão e outros distúrbios psiquiátricos.
Vejo no meu dia a dia a morte destas crianças, e o quadro destas mães.
A dor da perda de um filho é imensa, mas neste caso existe a perda de sentido.
Estas mães abdicaram de suas vidas por muitos anos, não sabem mais viver.
A depressão é o que mais acontece.
A saúde mental destas mães se impõe como prioridade igual ao tratamento do filho.
Aqui a relação mãe e filho é muito mais intricada de dependências e vínculos afetivos. 

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra