quarta-feira, 18 de novembro de 2015

O desenvolvimento do paladar!



 


A criança em relação à sabores é um livro em branco, você vai formar sua memória.
A família ao oferecer alimentos variados e saudáveis formará um adulto com bons hábitos.
Nós todos sabemos o que não é saudável, o que comemos por sabor, porém sem valor nutricional.

A criança vai escolher seu alimento pelo paladar, esse paladar será formado pela memória dos alimentos oferecidos.
Caso você inicie uma alimentação saudável, seu filho vai adquirir o paladar para estes alimentos.

Porém se você forneceu a uma criança a opção de tomar refrigerante, é natural que ele desenvolva esse paladar.
Que ele goste de refrigerante!

Esse fato é bem reconhecido quando examinamos as regiões e seus alimentos típicos.
Cada região do Brasil tem seus hábitos alimentares, peculiaridades. Naturalmente esse alimento típico será oferecido e seu paladar desenvolvido.
Normal a criança do Norte tomar açaí na mamadeira.

Não estou falando como nutricionista, e sim como neurologista.
As papilas gustativas possuem características e seu desenvolvimento a partir do nascimento segue uma evolução.
Ao estimular uma categoria de papilas, essas aumentam o seu número e por consequência sua aceitação ao alimento inicial.
Por isso falo que a memória de sabores é um livro em branco, os alimentos oferecidos ao bebê vão estimular papilas específicas para aqueles sabores.
Essas vão se proliferar em número, transformando esse paladar.
Ao sermos apresentados a um novo sabor, inicialmente rejeitamos.
Se esse sabor for repetido as papilas gustativas para ele serão estimuladas, com algum tempo consideramos esse sabor com agradável.
Até aqui falamos sobre o desenvolvimento do paladar, de papilas gustativas para a aceitação de alimentos.

Agora vamos analisar o peso emocional da alimentação, a relação alimento-afeto.
O alimento, tem um peso emocional para as mães, existe satisfação em oferecer algo que dá prazer a criança.
Isso atrapalha a orientação da alimentação saudável, a mãe tem a necessidade que a criança aceite o alimento por ela oferecido.
Se a criança rejeita, ela troca o alimento. Fecha as portas para o alimento inicial!
Com isso permite que a criança exerça a função de escolhas dos alimentos que vai consumir.
Aqui está a base para os erros alimentares na infância.
A criança precisa aceitar prontamente todos os alimentos oferecidos?
O que ela nunca provou?
Crianças pequenas não deveriam ter escolhas. Estão numa fase onde serão ensinadas a comer. Ensinar é um processo.
É necessário tempo, persistência e paciência par ensinar qualquer coisa.
Se a criança pode escolher, trocar o alimento este processo é interrompido.
Aos 3 anos essa é a maior queixa das mães. "Meu filho não come nada!"
Ele não come nada que ela quer, e come tudo que ele quer.
Com a preocupação da criança não ficar com fome, a mãe dá o alimento que a criança aceita bem no lugar da refeição que não foi aceita.
Olha só a confusão!
A mãe quer seu filho bem alimentado, porém não suporta a ideia de rejeição. Não aceita o dia com apetite reduzido, isso gera uma ansiedade enorme.
Resolve a situação oferecendo um alimento já bem aceito. Resolveu o problema imediato.
A criança está alimentada!

Educação alimentar é tão difícil quanto a educação propriamente dita.
Temos que impor limites, exercer nosso papel de responsáveis.
Aceitar os períodos de menor aceitação alimentar como normais, e não pessoais.
Estabelecer o cardápio da criança, os horários e não permitir trocas. Caso não aceite o alimento do horário, aceitará o do próximo horário.
Se já possui um erro alimentar, deveria ser corrigido para o bem dele.

A correção é complicada, muito choro, muita birra!
Portanto é  melhor  começar a escrever esse livro em branco!

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra

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