sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Crise Generalizada X Crise Focal




O neuropediatra ao atender uma criança
 com crises convulsivas vai escolher o melhor tratamento, a melhor medicação.
Existem diversas medicações no mercado, precisamos escolher a melhor para este paciente.
Um remédio que controla muito bem as crises de um, pode ser péssimo para um outro paciente.
Não existe um remédio ótimo para todos, e nem um péssimo para todos.
E por que o médico escolheu este remédio?
O neurologista leva em conta diversas informações para decidir a sua prescrição.
Levamos em conta a idade, o tipo de crise e EEG inicialmente.
Idade porque alguns medicamentos não são bem absorvidos por crianças pequenas e portanto não será um boa opção.
O tipo de crise é fundamental, todos os remédios já foram estudados. Seu funcionamento e que tipo de crise ele tem sua melhor ação.

Os tipos de crise são divididos em generalizada e focal.

Generalizada quando todo o cerébro é envolvido no momento da crise, a convulsão mais conhecida é generalizada. Quando o paciente perde a consciência e apresenta movimentos pelo corpo inteiro.
Nesta crise o paciente pode perder a urina e apresentar respiração forçada, o que normalmente produz secreção que escorre da boca.

Focal ou parcial, apenas uma parte do cerébro será envolvida. Pode ser vista quando o paciente apresenta movimentos apenas num lado do corpo. Nestes casos o paciente não perde completamente a consciência, e pode lembrar da crise. Pode falar, porém a voz sai de forma arrastada e lenta.

A crise convulsiva de ausência, que foi motivo do último texto, é classificada como generalizada.

Muitas vezes o neurologista precisa da filmagem da crise para analisar e classificar a crise.
É muito comum a crise começar focal e depois se tornar generalizada. Mas para a escolha do remédio é importante saber como começa a crise.
Algumas crises são bem fáceis de se classificar, outras tão dificeis que revemos as filmagem diversas vezes. Uma verdadeira investigação.

O exame de  EEG evoluiu e há algum tempo já existe a opção de realizar um video- EEG, ou seja um EEG filmado. Ele vai documentar a imagem e as ondas cerebrais momento a momento.
Assim elucidamos muitas vezes dúvidas sobre se é ou não crise.

A grande maioria dos paciente possui apenas um tipo de crise, mas muitos paciente possuem vários tipos de crise.
Inicialmente vamos começar com um remédio para controlar as crises, mas não obtendo sucesso as associações vão sendo realizadas.
 Nossos maiores desafios serão os casos que consideramos epilepsia refratária.
Aqui o paciente vai apresentar vários tipos de crise e não responde adequadamente aos remédios. Usam vários remédios e em doses elevadas sem o controle total das crises.

Crise convulsiva não faz bem, é claro!
 Paciente com crises de repetição apresentam atrasos cognitivos.
Uma sequência de ajustes, trocas de medicações, além de tratamentos não medicamentosos serão usados para o controle das crises.
O objetivo maior é oferecer ao paciente a melhor qualidade de vida, pois o que todos queremos é ser feliz!

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra







3 comentários:

  1. Bom Dia, venho acompanhado suas publicações. E nesta em especial restou uma dúvida, as crises curtas (segundos) podem deixar sequelas no cognitivo? Pergunto pois tenho uma filha com atraso motor e atraso de fala, que foi diagnosticado como atraso geral de desenvolvimento. E mesmo com o diagnostico que a epilepsia e o atraso são coisas distintas nela, fico me perguntando se o atraso não pode ter sido sequela das primeiras crises antes do diagnostico e tratamento da epilepsia.

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  2. A repetição de crises causa o atraso, mesmo que estas sejam rápidas.

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