quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Crises de Ausência



 


As crises convulsivas podem se apresentar de diversas formas.
A convulsão onde o paciente cai no chão e se bate todo, é facilmente reconhecida por todos.
O problema está em reconhecer os outros padrões de crises.
Quero abordar as crises em vários textos, pois é um tema muito amplo.
Neste texto quero falar sobre a crise convulsiva de ausência!
Nesta crise o paciente ficará por alguns segundos parado, com olhar distante.
Pode ser confundido com déficit de atenção ou distração.
Como a crise de ausência é rápida, dura em média 40 segundos pode passar desapercebida pela família.
Alguns trabalhos referem que só quando o paciente apresenta um número muito elevado de crises, a família percebe o fato com estranheza.
Enquanto o número de crises ao dia for pequeno, a família não costuma perceber. Não é um padrão reconhecido como crise convulsiva.
Na prática essa criança fica parada no tempo, sai fora do ar, não cai no chão. Se está em pé normalmente permanece em pé, se está sentada permanece sentada.
Pode deixar cair um objeto que está segurando, tipo um copo.
O olhar fica perdido, parece fixo no infinito.
A criança costuma despertar desse momento com uns piscamentos oculares, o que faz todos pensarem que ele estava "sonhando acordado".
Neste caso o EEG é fundamental, e deve ser realizado antes do inicio da medicação.
Nas crises de ausência a alteração captada no EEG fecha o diagnóstico.
É o tipo de crise que costuma responder muito bem a medicação, e o neurologista não tem dificuldade para escolher o remédio adequado.
As crises de ausência são classificadas como um tipo de epilepsia.
Epilepsia não é tudo igual !
Existem vários tipos, com evolução diferente para cada tipo.
Na suspeita de algo estranho, episódios que se repetem onde a criança fica alheia ao meio, está indicado uma avaliação.
Hoje com celulares que filmam, usem! Filmem o que você achar estranho, um tique, uma mania!
Muito melhor a imagem do que o relato da família. Facilita em muito o diagnóstico.

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra


3 comentários:

  1. Meu filho tem crises bem assim, ei ja suspeitava mas o neuro dele achava que era coisa da minha cabeça, ele fez o EEG pelo hospiral SARAH onde a propria pediatra presenciou essa crise e pediu o exame, fechamos o doagnostico e ele tem crises constantes justamente como essa e espasmos durante o sono.

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  2. As crise de ausência são bem mais fáceis de tratar que os espasmos. Os espasmos são muito refratários a medicação.

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  3. Olá Dra,tenho 46 anos e eu acredito que tenha tido isso quando criança, sempre fui considerada desatenta e "vivia no mundo da lua". Sou inteligente, tenho facilidade de aprender, mas muita dificuldade em me manter em atividade de rotina como ler ou fazer trabalhos que exijam muita concentração. Hoje ainda percebo o olhar parado em algumas situações. Neste momento a sensação é até "gostosa", parece que o cérebro está descansando, completamente sem pensamentos ou emoções. Tem algum tipo de tratamento para adultos?
    Cheguei ao seu blog hoje, pois comecei a pesquisar sobre "olhar parado e distante", depois que percebi que minha sobrinha de 4 anos fica várias vezes assim, exatamente como eu ficava. Você saberia me indicar algum colega neuropediatra em São Paulo para levarmos minha sobrinha?

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