segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Desenvolvimento Infantil






Quando falamos que a criança está crescendo, essa afirmativa é verdadeira. Mas nos dá uma ideia de estatura!
Quero corrigir essa ideia.
A criança está crescendo sim! No tamanho, na sua capacidade de atenção, no seu raciocínio lógico, na linguagem ou seja em todas as suas capacidades intelectuais.
A criança que possui deficiência intelectual também está crescendo, no tamanho e em suas capacidades.
Apenas  não possui a  velocidade desejada para a idade e nem a capacidade ideal para ser explorada.
Possui uma capacidade sim, aprende sim!
E se não fosse assim não haveria motivo de realizar todas as terapias indicadas.
Essas terapias são formas de ajudar essa criança a desenvolver toda a sua capacidade.

Vou contar aqui uma história que me fez escolher a neuropediatra como especialidade médica.
Na Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Ceará, tive com professora de prática na pediatria uma verdadeira mestre!
Dra. Fatima Azevedo, geneticista.

Eu sempre fui muito falante e comunicativa, sempre participei muito nas aulas. Perguntando e questionando muito.

Fiquei impressionada como Dra. Fátima conseguia falar e mostrar os sinais das doenças sem ser ofensiva com a criança, sua sutileza e a escolhas das palavras fazia a criança se achar especial.
Especial de forma positiva, especial porque tinha algo raro! Era mágico!

Porém nas últimas semanas de estágio ela veio falar comigo. Me questionou porque eu havia mudado, porque não participava mas das aulas e nem perguntava nada.
Inicialmente fiquei surpresa, mas falsidade nunca fez parte do meu ser. Respondi prontamente:
"Descobri que você não trata nada, não cura nada! Descobre a síndrome e pronto!"
Após breve silêncio, ela me disse:
"Acho que você não entendeu!
Toda mãe, pobre ou rica quando engravida idealiza um filho perfeito.
Compra roupas e monta um quarto na medida das suas condições mas sempre com o melhor.
Agora seu filho chegou! Mas ele não é aquele bebê sonhado, é outro!
Desse bebê as pessoas só sabem dizer que ele é doente, que é retardado!
Essa mãe ama seu filho, mas não sabe se ele vai falar, se vai andar, se vai para a escola.
Eu sou a pessoa que vai responder tudo isso, e quem vai ajudar  a desenvolver a capacidade que seu filho tem.
Você acha isso pouco?"

Uma das maiores lições de vida que recebi, e divido aqui com vocês!
Conseguir segurar uma colher pode ser pouco para você mas é uma grande vitória para muitos!

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra





2 comentários:

  1. Querida ex aluna e colega Cristine Aguiar,

    Você sempre me emociona ao relatar essa passagem em nossas vidas. Não fosse aquele nosso encontro na Balu Doces, eu jamais saberia da sua gratidão. A gratidão é toda minha Cristine. Dividir experiências e aprender junto com os alunos, é algo sublime, que o exercicio da docência nos permite. Tenho muito orgulho de ser sua colega. Sei que você une muito bem ciência e humanidade no exercício da profissão. Parabéns pelo excelente blog . Que Deus lhe abençoe e proteja.
    Um abraço fraterno com o meu afeto,
    Fátima Azevêdo

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  2. É uma vitória comer sozinho, usar o banheiro, atender de pronto uma ordem, enfim, crescer dentro das suas limitações. Tenho uma filha com atraso geral de desenvolvimento, sempre digo que não posso dizer o que minha filha não vai fazer, ela fará tudo em seu tempo, cabe a família saber esperar.

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