No meu dia a dia é comum ter que explicar muito sobre efeitos colaterais das medicações.
Os pais possuem muito medo dos efeitos colaterais das medicações usadas na neurologia.
Não vejo ninguém preocupado com o uso das medicações da
pediatria, como os antibióticos e anti-inflamatórios.
Mas
na neurologia é um desastre. Ficou subentendido que as medicações usadas na neurologia
fazem mal a saúde.
Gostaria de tentar corrigir um pouco essa ideia.
Qualquer medicação possui efeitos colaterais possíveis,
qualquer uma! Até mesmo o seu inofensivo antitérmico!
Efeito colateral possível, não quer dizer que ele vai
existir!
Quando se usa medicação prescrita pelo médico de forma
regular e com dose calculada já se diminui o risco dos efeitos colaterais
aparecerem.
Na auto medicação é muito mais comum o aparecimento dos
efeitos colaterais.
Na neurologia temos efeitos colaterais possíveis em todos os
remédios usados. Como em qualquer outra especialidade.
Estatisticamente não existe essa frequência elevada como a
população acredita.
O que acontece na neurologia é que o uso das medicações é
feito de forma continua, por períodos prolongados o que facilita a ocorrência de
efeitos colaterais.
Quando se usa medicação de forma crônica, como anti-hipertensivo
também existe a ocorrência maior de efeitos colaterais. Isso não é privilégio
das medicações da neurologia.
Esclarecendo esse ponto passamos para outro:
Quando existe um efeito colateral da medicação, precisamos
avaliar se esse efeito colateral é importante o suficiente para inviabilizar o
uso da medicação.
Às vezes conseguimos manter a medicação mesmo em vigência de
um efeito colateral.
Vou citar alguns efeitos colaterais comuns de forma aleatória
apenas para ilustrar.
Podemos ter queda de cabelo com o uso de acido valpróico, se
a queda for pequena e discreta podemos até manter a medicação.
Mas é evidente que quedas grandes, onde ficam áreas rarefeitas
no couro cabeludo com prejuízo estético são indicativas de troca de medicação.
Existem efeitos colaterais transitórios:
Como a sonolência do
inicio do tratamento com anticonvulsivantes. Na grande maioria dos casos a sonolência
some na segunda semana da medicação.
Outro efeito colateral possível e na maioria das vezes driblado é a queda do apetite que ocorre
com o uso de metilfenidato (medicação usada para tratamento de TDAH). Podemos driblar com o uso descontinuado nos
finais de semana e férias.
Mas encontro a perda de apetite sem queda do peso na maioria dos pacientes. Acompanho o peso no gráfico.
É muito comum a
mãe queixar dessa perda de apetite, mas ao visualizar o gráfico de peso não há perda
de peso e nem mudança na a curva de crescimento.
O que existe é a escolha do alimento por parte da criança!
Porém se a perda de peso
existir, com queda na curva do crescimento e prejuízo do estado nutricional da
criança, devemos retirar a medicação.
O que quero esclarecer com esse texto é que efeitos
colaterais são possíveis, mas não são certos! Queremos o efeito terapêutico quando
prescrevemos uma medicação, caso ocorra um efeito colateral vamos avaliar se
este inviabiliza ou não nossa medicação prescrita.
Boa tarde! Normalmente com quanto tempo ocorre o inicio da queda de cabelo com o uso do com o uso de acido valpróico caso ocorra esse efeito colateral? Minha filha começou o tratamento e fico apeensiva.
ResponderExcluirSe for aparecer esse efeito normalmente acontece após algum tempo. Incomum acontecer no início.
ExcluirDe efeito colateral eu entendo! Minha filha já está tomando o 4 remédio para TDAH, e agora parece que vai dar certo (nem vou falar muito ALTO). Como mãe posso assegurar, não devemos ler as bulas dos medicamentos, só se der realmente alguma reação, pois caso contrario, enlouquecemos. Adoro seu blog!
ResponderExcluirDra. A minha neta, tem West, está com 4anos e meio, atualmente toma Sabril(3 por dia),Topiramato 0,75 duas vezes, ja fez a dieta cetogênica tb, por uns 2anos seguidos,mas ainda não conseguimos o controle das crises, está com baixo peso próximo ao -3, seria por causa da medicação?
ResponderExcluirNa época da dieta ela não ganhava peso,mesmo depois que parou nunca esteve nos níveis adequados a idade, o que a senhora recomendaria?
Tania Herrera