terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Auras - nas crises convulsivas!





Na minha formação atendi adultos por um ano, não gostei muito e achava desnecessário.
Hoje percebo a importância,quando atendemos adultos é comum os pacientes relatarem que que algo avisa a eles que a crise está chegando.
Por serem adultos, possuem facilidade e vocabulário para descrever esse algo em detalhes. Coisa que a criança não fará!

Esse algo pode ser de várias formas. 
Sensações, gosto metálico ou amargo, cheiro de flores, sensação de medo ou de euforia.
Quando essa sensação ocorre antecedendo a crise convulsiva, chamamos de aura!
Ou seja, antecede a crise e pode ser visual por meio de alucinações, sensitivas por meio de sensação de medo ou euforia além das auras gustativas e olfativas.

As crianças não relatam muito bem a presença de auras, mas quando a mãe relata que a criança se senta ou chama alguém antes da crise.  Algo avisou que a crise estava para chegar. A aura existiu!

Mas essas mesmas sensações também podem aparecer como sendo efeito colateral das medicações. Por ser efeito colateral não possuem relação temporal com a crise convulsiva. 

Como já expliquei a presença de efeitos colaterais é variável, pode acontecer ou não.
Alguns remédios podem deixar a boca amarga, podem provocar alucinações, falta de apetite e etc...

A sequência de fatos desde o início da crise, define melhor este sintoma como sendo aura.

Por exemplo, já ouvi um relato de crise onde o paciente via a imagem de uma mulher passando a sua direita quando ele virava o rosto para a direita perdia a consciência e apresentava a crise convulsiva propriamente dita.
Neste exemplo o paciente apresentava uma aura visual, que sempre precedia a crise. Mas só ele poderia relatar, seus acompanhantes não poderiam saber deste detalhe tão importante para o neurologista.

Em outros casos, existe o relato de uma sensação de tristeza misturada a medo que precede a crise, essa aura é muito relatada em adultos.
As crianças não são boas informantes. Portanto presumimos a existência de auras em alguns casos mas não temos detalhes sobre a aura.

Ter ou não ter aura? 

A aura não piora o diagnóstico, quando presente e relatada ajuda o neurologista. Ao  entender o local de inicio da crise eu posso classificar melhor a crise, e escolher a medicação mas apropriada ao caso.

Sensações de confusão mental, agitação, sonolência, dor de cabeça podem ocorrer após a crise, porém não serão classificadas como aura.

Aura antecede a crise!


Cada caso precisa ser avaliado.

O que quero deixar de mensagem é que " Detalhes do início da crise são muito importantes para o seu neurologista."

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra

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