terça-feira, 29 de outubro de 2024

Autismo e suas estereotipias!

 O nosso corpo se comunica!

Sua postura revela muito de você, como você coloca os braços ao falar ou movimentos que realiza.
Se esfrega as mãos quando nervoso, se balança os pés na sala de espera e vários outros sinais.
Jogadores de póquer costuma usar óculos para esconder suas emoções, surpresa ou decepção com a carta recebida.
Nas crianças portadoras de TEA talvez por não conseguirem expressar suas emoções por via verbal costumam apresentar essa comunicação corporal exacerbada.
Surgem movimentos repetitivos, chamados de estereotipias.
Costumam realizar quando ansiosos ou em momentos de felicidade e euforia.
Estas estereotipias são muito mal vistas pelos pais e pessoas em geral, chamam atenção e acabam por demostrar as deficiências da criança.
É comum o pedido de medicação para controlar as estereotipias e deixar a criança mais "normal".
É preciso entender que punir, ou controlar as estereotipias é calar um autista. Já que eles usam estes movimentos para extravasar  suas emoções.
As estereotipias ajudam estas crianças, e se "controladas" podem provocar outros comportamentos também inadequados e com prejuízo ao desenvolvimento.
Quando a criança consegue outras formas de expressar seus sentimentos costumam diminuir ou mesmo abandonar as estereotipias.
As terapias vão dar outras opções de expressão e comunicação.
Deixar seu filho com TEA mais normal aos olhos dos outros não vai resolver nada.
Aceitar o diagnóstico, e passar a entender o que ele quer dizer terá muito mais benefícios ao longo prazo.
Criança motivada à descobrir e desvendar a vida acaba esquecendo de realizar as estereotipias.
Melhor enxergar as estereotipias como forma de comunicação corporal, tentar entender o que ela quer expressar.
Criança feliz é criança aceita!

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra



segunda-feira, 14 de outubro de 2024

O abuso de analgésicos na infância!


 

O abuso de medicação se tornou problema na faixa etária pediátrica nos últimos tempos.

Quase toda família costuma fazer uso de analgésicos simples como dipirona e paracetamol nos filhos, mesmo sem a certeza de sua necessidade.
Este uso indiscriminado de analgésicos complica e tardia diagnóstico na pediatria.
Criança possui algumas particularidades, não sabe definir corretamente o que sente e aceita facilmente ser sugestionada pelos pais.
Este fato é comum em casos de enxaqueca, mas também mascara quadros dolorosos da pediatria.
Se é errado a auto medicação na vida adulta, imagine na vida infantil.
O abuso de analgésicos se torna muito comum na neuropediatria, nos casos de enxaqueca.
A enxaqueca se tornou uma causa comum de dor de cabeça na infância, tendo seu maior vilão a alimentação rica em gordura e fast foods.
A criança queixa-se frequentemente de dor de cabeça e é prontamente atendida pelo uso de analgésico.
A grande maioria das pessoas ainda consideram a dor de cabeça como sinal de problemas visuais.
Sendo que problemas visuais perfazem apenas 10% dos casos na infância.
A enxaqueca é responsável por mais de 80% dos casos de dores de cabeça na infância,  possui nesta faixa etária estreita relação com alimentos.
Muito difícil retirar as guloseimas na infância, então se faz uso de analgésicos e se procura outra causa para justificar o quadro doloroso.
Com a mudança alimentar dos últimos anos, os alimentos ricos em gordura são consumidos na própria casa.
E o aparecimento da dor de cabeça em crianças que herdaram esta patologia migrou de 14-16 anos para 4-6 anos de idade.
O que mais escuto é a frase: Não é normal criança ter dor de cabeça!
Não era! Agora é!
Pagamos um preço pela alimentação mais industrializada.
E neste caso o abuso de analgésicos será um dos fatores de pior prognóstico para o tratamento da enxaqueca infantil.
Falando da pediatria geral, se há dor precisamos encontrar o motivo.
Quanto mais você usa analgésico e consegue o controle, a visita ao pediatra só ocorrerá  quando os analgésicos simples não conseguirem abolir a dor.
Por isso, na pediatria observe a criança.
Peça para ela falar o que sente, não sugerindo local ou nomes como dor.
Use inicialmente algo caseiro como chá, caso não solucione a sensação da criança pode usar analgésico, porém fica atento a frequência desta queixa.
Se for necessário uso frequente de analgésico é porque necessita de avaliação e diagnóstico do quadro.

Dra. Cristine Aguiar
Neuropediatra